Um Certo Suicídio

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Ele tinha uma vida estável e feliz, era um bom homem. Sua empresa de consultoria empresarial, construída com muito esforço junto com a sua esposa que conhecera na universidade, fazia sucesso no mercado. Sua linda filha estava no jardim de infância e encantava o casal, com as suas primeiras palavras escritas. Muito ligado com a sua mãe, que o havia apoiado muito alguns anos antes com a morte de seu pai, ela era uma espécie de porto seguro para ele. Estas três mulheres faziam da vida dele uma total maravilha, sempre o auxiliando e o completando.
Porém fatalidades tendem a acontecer, e de uma vez só o tripé feminino que o sustentava foi arrancado dele de uma forma brusca e violenta em um trágico acidente de carro, que fatalmente vitimou as três mulheres.
Desconsolado e sem ter em quem se apoiar, o triste homem entrou em uma profunda depressão. À cada dia que passava ele se afastava mais da sua empresa, para passar mais tempo trancado em seu apartamento que o lembrava dolorosamente da família que havia perdido. De forma desesperada, toma uma decisão importante, talvez a mais importante da sua vida. Resolve se matar para fugir dos problemas que tanto o atormentam. Primeiro, pensa em uma forma que seja rápida e indolor, e na sua cabeça vem a imagem de um revólver. Um tiro na cabeça, será a sua passagem para fora desse mar de dor e desespero.
Os preparativos para o seu final começam lentamente, como um ritual. O decidido e desesperado homem, toma um demorado banho, tal como se fosse a sua purificação. Sai do banheiro para o seu quarto, onde veste uma calça branca de algodão, e parte para a cozinha, onde bebe uma generosa dose de seu uísque mais caro, que guardava apenas para ocasiões especiais. Liga o seu sistema de som para escutar música, e põe para tocar um pouco de blues. Sentado no sofá da sala, acende um cigarro e espera a hora certa para o fim. Retorna ao seu quarto, beija uma foto em que estavam ele e as suas amadas. Abre a última gaveta, e pega uma caixa preta forrada de veludo, abre o recipiente e pega o seu conteúdo, é uma arma. Retorna à sua sala-de-estar, e se ajoelha no centro dela, ergue o revólver e o aponta para a cabeça. Tremendo, ele põe o dedo no gatilho e sem pensar duas vezes o puxa, o barulho estridente do tiro leva embora a sua vida e também as suas mágoas e tristezas, como um poderoso remédio de efeito colateral fatal.

13 comentários:

Meerstempel Badist disse...

Eu tinha esperanças que ele iria desistir.

bom texto!

Climão Tahiti disse...

Eu tinha esperanças que conseguiria resolver seus problemas.

Conseguiu.

Luiza Prestes Karam disse...

Bem escrito, seu texto é bem visual, fui acompanhando tudo como se estivesse vendo um filme. É daqueles que não temos vontade de parar no meio e sim prosseguir até o final.

MaxReinert disse...

uai... até acredito nas dores... mas não acredito no suicídio!

Cassiana =] disse...

Que triste fim, também pensei que ele poderia se reeguer e desistir da idéia! Uma pena... :/
:* fuii

lucaxxx disse...

Suicide Solution??/
Eu acho o Suicidio (em livros, musicas, quadros etc) um dos temas mais fascinantes do mundo. Tinha uma galeria de fotos no meu pc, que iam desde esculturas, quadros e fotos que simbolizam o suicidio. Legal o texto
Abraços

M. disse...

Bem contemporâneo.

Bernardo Lima disse...

História forte. Não sei se o suicidio é o melhor caminho, mas a vida do malandro estava mesmo acabada.

[Quando tiver de bob passa lá no Reflexões!]

Grande abraço!

Anônimo disse...

Nossa!
Eu ainda tinha um pouco de esperanças que ele desistisse de cometer suicídio!
Pobre rapaz!
Feliz 2008 Adal!
Sucesso seu blog [mais sucesso este ano!].
Abraços

Unknown disse...

Esse texto é fuderoso d+ meu véi!
Muito massa!

flw'Z e continue sempre assim.

young vapire luke lestat disse...

Todo suicídio é uma forma covarde de fugir dos problemas....
Corage é: Mesmo sofrendo dores lacerantes, saber emergir do fundo do poço.
Já estive lá amigo.....

[]s L.Sakssida

Anônimo disse...

Seu texto é denso e significativo, mantendo-se dentro deste padrão de fluência poderá editar trabalhos literários para além do entretenimento.
Se quiser conviver com a galera que está editando uma antologia na net. Conviduo a experimentar a sua capacidade discursiva com quem já escreve e edita seus trabalhos,.Muitos há que estão comeãndo a publicar. Apareça por lá.
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=23288713

Unknown disse...

Triste fim!